Judeus e Xangai: Famílias europeias refugiadas, nas décadas de 1930 e 1940
Museu Judaico de São Paulo apresenta exposição “Judeus e Xangai: Famílias europeias refugiadas, nas décadas de 1930 e 1940”
No próximo dia 26 de novembro, às 11h, o Museu Judaico de São Paulo inaugura a exposição temporária Judeus e Xangai: Famílias europeias refugiadas, nas décadas de 1930 e 1940 para convidados. O público em geral poderá visitá-la no dia seguinte (27), a partir das 10h. A mostra fica em cartaz até 26 de janeiro de 2020. A entrada é gratuita.
A mostra apresenta aos paulistanos e ao Brasil pela primeira vez a estrutura e o prédio completamente restaurado e pronto que abrigará o Museu Judaico, previsto para ser inaugurado em 2020.
“As obras do Museu Judaico de São Paulo terminaram em junho deste ano. Ficamos três meses em testes. Com a exposição, teremos a chance de viver a experiência do equipamento museu, dar um preview do nosso prédio e apresentar uma história que poucas pessoas conhecem”, conta Roberta Sundfeld, diretora do Museu Judaico de São Paulo.
Ela completa: “É uma honra receber a mostra do Shangai Jewish Refugees Museum, que nos procurou para sediá-la aqui no Brasil”.
A exposição reúne 42 painéis que contam histórias dos refugiados judeus da Europa em Xangai, revelando como essas pessoas e o povo chinês se defenderam das atrocidades fascistas. Estima-se que pelo menos 18 mil judeus foram para China.
Dois filmes vão contar um pouco dessas emocionantes histórias. Além de fotografias e documentos das famílias refugiadas que vivem no Brasil, o acervo conta também com réplicas de documentos do acervo do Shangai Jewish Refugees Museum.
Ações educativas e oficinas para a criançada compõem a programação especial. Visitas monitoradas para grupos também estão dentro do cronograma. Tudo gratuito. Não é necessário agendamento.
A inspiração: Horácio Schaefer
Foi a história de Horácio Schaefer, o spalla das violas da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, que inspirou o Shangai Jewish Refugees Museum a trazer a exposição para São Paulo. Os pais de Horácio eram refugiados judeus que haviam escapado da Alemanha para Xangai, há cerca de 80 anos.
Confira algumas histórias que compõem a mostra:
– Jerzy Szapiro nasceu em Varsóvia, na Polônia. Membro do Regimento de Cavalaria Polonês foi capturado e tornou-se prisioneiro de guerra. Removido pela Cruz Vermelha Internacional da Lituânia para o Japão, refugiou-se em Xangai (1941), onde conheceu Eveline Jouravel, neta de uma família judaica russa refugiada.
Jerzy e Eveline se apaixonaram e se casaram em 10 de fevereiro de 1948. Alguns meses depois, conseguiram um visto para o Brasil e viajaram por quase três meses de navio para chegar ao Rio de Janeiro, onde criaram uma grande família e viveram até falecerem.
– Em 14 de abril de 2005, a refugiada Gerda Brender (também chamada Gerti Waszkoutzer-Brender) retornou a China com sua família e recuperou o passaporte que havia perdido no distrito de Hongkou, há mais de meio século. O passaporte foi descoberto por um morador local, que comprou o documento em um mercado de pulgas.
– Carl Anger, diretor de uma escola judaica em Xangai e que estava prestes a deixar a cidade após o término da Grande Guerra, entregou cerca de 2 mil livros em inglês, alemão e hebraico ao senhor Lin Daozhi, acreditando que conseguiria voltar para reavê-los. O senhor Lin manteve-se fiel e cuidou da coleção até sua morte. No entanto, Carl não voltou e os livros ficaram com a família de Lin por mais de meio século até optar por doar para o Shangai Jewish Refugees Museum.
A mostra conta ainda com fotografias dos refugiados judeus europeus que deixaram Xangai após a II Guerra Mundial. Segundo o levantamento de alguns estudiosos ocidentais, pouquíssimos conseguiram sair em 1946. Alguns partiram em 1947, mas a grande onda de partidas ocorreu em 1948 e 1949: cerca de 10 mil haviam saído da China.
Embora tenham deixado Xangai, os refugiados judeus permaneceram profundamente ligados com a cidade que possibilitou a sua sobrevivência. Eles retornaram à China para reuniões e eventos comemorativos. Alguns deles publicaram livros sobre sua experiência, além de produzir filmes e organizar exposições sobre o tema. Tudo está retratado na exposição Judeus e Xangai: Famílias europeias refugiadas, nas décadas de 1930 e 1940.
Inauguração só para convidados: 26 de novembro, às 11h.
Abertura para o público: 27 de novembro, às 10h.
Funcionamento: de terça a domingo, das 10h às 16h.
Em cartaz até 26 de janeiro de 2020.
Museu Judaico de São Paulo: Rua Martinho Prado, 128.