Construção do Museu Judaico: um diálogo entre tradição e modernidade

Em um pequeno raio no centro de São Paulo convivem a arte urbana da Praça Roosevelt, a cultura gastronômica da Rua Avanhandava, a Biblioteca Mário de Andrade e espaços tradicionais da vida cultural da cidade. É neste cenário que surge o Museu Judaico de São Paulo – mais um componente dessa paisagem efervescente.

O projeto inclui o restauro e a preservação do Templo Beth El, erguido e inaugurado na década de 1930. À construção original foi incorporado um moderno anexo de vidro, a partir do projeto arquitetônico da Botti Rubin, com a lateral para a Avenida Nove de Julho, uma das principais vias da cidade. A arquiteta Simone Saidon, responsável pela concepção arquitetônica, explica que essa nova ala surge como uma ‘grande pele de vidro’. “Você, dentro do foyer, vai ver a cidade. E a pessoa, quando circula pela Nove de Julho, vai ver esse prédio. Através de comunicações visuais, o Museu traz essa visão da vida, do que acontece dentro do prédio, que não é fechado, isolado, mas enriquece visualmente a cidade. ”

 

O mote da obra do Museu é manter a estrutura de origem, porém com algumas modificações de uso. De acordo com a arquiteta, quase todas as áreas existentes, da antiga Sinagoga, foram readequadas e qualificadas como áreas expositivas. “Conseguimos fazer com que as plantas tivessem uma funcionalidade, uma lógica de museologia bastante clara, demarcando o diálogo entre o novo e o tradicional. Essa proposta faz com que o próprio edifício seja uma peça expositiva, com o contraponto entre dois elementos arquitetônicos: volumes maciços e o vidro”, complementa.

 

Em, aproximadamente, 3.600 m² de área total, distribuídos por quatro andares, a obra executada tem a intenção de mostrar a presença da cultura judaica na história do Brasil, e o próprio prédio tem papel de destaque nessa evolução.

 

O projeto foi concebido ainda em 2006 e, desde então, tem se apresentado de grande complexidade. Simone Saidon explica que é uma obra com muitas delicadezas, ela compara ao ato de montar um lego, solucionando adaptações para receber o Museu.

 

Esse novo espaço de cultura nasce em um momento essencial para o desenvolvimento da cidade, contribuindo para a revitalização de sua área central e trazendo um novo público. Além disso, reativa essa área com novos conceitos de trocas, conhecimento e conexão pela diversidade dos olhares e culturas que por ali circulam.